EDUCAÇÃO
BILÍNGUE
Ana Wilma Silva dos Santos
A abordagem
Bilíngue[1] no
letramento de alunos com surdez vem ganhando espaço no ambiente escolar e nas
práticas sociais/institucionais.
Nesse
sentido, as práticas de leitura e escrita de gêneros textuais e discursivos,
são aspectos importantes para o processo educativo. O aluno com surdez quando chega ao um complexo
nível de apropriação do sistema de escrita, ele atingiu o nível do letramento[2].
Sob
o nome de educação Bilíngue, formulamos uma teoria a partir da qual propomos
aos educadores meios práticos que permitam utilizar a leitura, a escrita e a
oralidade como bases fundamentais para a apropriação de conceitos estudados nos
conteúdos curriculares. Portanto, a abordagem ganha forma de uma verdadeira educação
fundada sobre os dispositivos legais do decreto 5.626 de 5 de dezembro de
2005, que determina:
“[...]
o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a
língua brasileira de sinais e a língua portuguesa, preferencialmente na sua
modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que no acesso às duas
línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o
desenvolvimento de todo o processo educativo”.
O
aluno com surdez no universo escolar sinaliza uma organização pedagógica, tanto
na sala de aula comum, quanto no AEE. Por outro lado, qualquer ação ou
ajustamento apropriado a um atendimento com o objetivo de desenvolver a
competência linguística e textual, requer que as Pessoas com Surdez sejam
capazes de gerar sequencias linguísticas.
Partindo
das preposições dos três momentos pedagógicos propostos por Damázio (2010)
podemos consignar três níveis de desenvolvimento da Língua Portuguesa na
modalidade escrita.
O
objetivo tradicional da proposta didático-pedagógica para ensinar português
escrito para alunos com surdez orienta-se pela concepção Bilíngue.
O
primeiro nível visa trabalhar com o processo de ler e o desenvolvimento de
estratégias nos atos de interpretar e compreender.
O
segundo nível consiste o ato de escrever (produção de textos), partindo da
concepção de texto como forma tecida da palavra.
O
terceiro nível visa trabalhar não mais no nível das aquisições, mas no do modo
de domínio da linguagem, isto é, desenvolvimento e o aperfeiçoamento da língua
em várias práticas sociais de interação verbal e discursiva, principalmente da
escrita, para que o aluno com surdez possa continuar sua formação, logo no
complexo nível de letramento.
Sugerimos,
nas ilustrações, seguinte, a maneira pela qual estes três tipos de atividades
podem articular-se, tomando como base os textos estudados nos conteúdos
curriculares, oferecendo aos alunos com surdez oportunidades de interagir nas
práticas da língua oficial.
O
AEE para o ensino de Língua Portuguesa
- Ações gestoras;
- Profissional capacitado – PERFIL: capacitação, qualificação, auto-organização, corresponsabilidade;
- Organização do ambiente;
- Uso de recursos visuais e riqueza de materiais;
- Canal de comunicação é a Língua Portuguesa: leitura, escrita, frases, textos, uso de imagens e até mesmo de teatro;
- Atendimento diário;
- Avaliação contínua.
Ensino de Português escrito
Imagem.1
Imagem.2
Legenda:
1. Aluno escrevendo no quadro,
explorando conceitos apreendidos.
2. Sob a intervenção da
professora de Língua Portuguesa, alunos trabalhando na produção de texto.
O
AEE em LIBRAS
- Ações gestoras;
- Profissional capacitado – PERFIL: capacitação, qualificação, auto-organização, corresponsabilidade; atender às exigências básicas do ensino por meio da LIBRAS;
- Organização do ambiente;
- Fornecer a base conceitual da LIBRAS e do conteúdo curricular estudado em sala de aula, favorecendo a compreensão dos alunos com surdez – ideias essenciais dos conteúdos;
- Atendimento diário e no contra turno;
- Uso de recursos visuais e riqueza de materiais;
- Avaliação contínua.
Os
conteúdos curriculares em libras devem ser ministrados antecipadamente ao
trabalho da sala de aula comum, garantido uma melhor associação dos conceitos
nas duas línguas.
Imagem – 1 Imagem -2
Legenda:
1. Professor em Libras,
explicando termos científicos do contexto Egito Antigo e dos conteúdos
curriculares oficiais.
2. Professores em Libras, ministrando aula
sobre o contexto Egito Antigo e os conteúdos curriculares oficiais.
As possibilidades de
ação só se multiplicam e transferem a situações sensivelmente diferentes quando
se consegue sobrepujar a experiência concreta, isto é, pela abstração e
generalização da experiência.
Portanto, ao analisar
os aspectos positivos da educação bilíngue para alunos com surdez, constatamos
que ele constitui-se como um sujeito epistemológico. No entanto, para que isso
ocorra é preciso desenvolver ações educacionais que comtemple esse aluno como
“um todo”, para Damázio (2010, p.8) um ser biopsicossocial, cognitivo,
cultural.
Referências
Coletânea UFC-MEC/2010:
A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação
Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em
Construção, p. 46-57.
KOSLOWSKI, L. A
Proposta bilíngüe de educação do surdo. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES,
nº10, p.47-53, dezembro, 1998.
http://pt.scribd.com/doc/18892732/Artigo-Alfabetizacao-e-Letramento-Magda-Soares1.
Acesso em 08/03/2014.